quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A dor que dói mais...


"Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Dóem essas saudades todas. 


Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama

Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá, você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ele continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ele tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ele continua fumando Carlton, se ele continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ele continua dançando, se ele continua pescando, se ele continua lhe amando.

Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ele está feliz, se ele está mais magro, se ela este mais belo. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer."



"Martha Medeiros"

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